Tatuí - SP, parabéns pelos 198 anos
As margens da barra do Tatuí com o rio Sorocaba formam uma grande tejuca (barreiro) e, a seu tempo, eram bastante conhecidas pelos tupiniquins da aldeia de Canga-açu como tatu yby, que significa terra de tatu (não em referência à quantidade de tatus que existiriam nesses terrenos, mas à terra solta e fofa, muito própria para os ninhos desses animais).
Não por conincidência, quem sabe, tais sítios serviam também como cemitério dos índios, locais em que eles depositavam as urnas de barro devidamente trabalhado, com os corpos de seus parentes mortos.
Rico em ferro e ouro, o solo da região logo atrairia os invasores portugueses que chegaram, inclusive, ao Morro de Araçoiaba. Reza uma certa tradição, a propósito, que até mesmo os Afonsos Sardinha (pai e filho) passaram pela região, em 1592, em busca de ferro. À falta de provas mais consistentes, porém, há ainda muitas controvérsias a respeito. De certo, sabe-se que, em 5 de fevereiro de 1682, seria inaugurada a Fábrica de Ferro de Ipanema, perto do lago com o mesmo nome, fato que, de imediato, promoveria o desenvolvimento de vários povoados na vizinhanças, tais como Sorocaba e Araçoiaba da Serra, entre outros.
O pequeno núcleo de Nossa Senhora da Conceição de Tatuí nasceria na rasteira desse processo, em terras dos frades do Convento de Itu, quando Antônio Xavier de Freitas, Gerônimo Antônimo Fiuza, com gentes de São João Benfica (um povoado próximo à Itapetininga), construíram uma capela coberta de telhas de indaiá, tendo, aos fundos, o cemitério, onde se situa a atual Praça da Matriz da cidade.
Formado por núcleos populacionais mais ou menos instáveis, a história da Tatuí – a se crer no pesquisador Renato Ferreira de Camargo – só se vai constituir no século XIX, ao fim de uma série de conflitos que terão como mote exatamente a riqueza mineral da região. Teriam sido freqüentes os deslocamentos de famílias inteiras de sem-terra, expulsos pela necessidade que a Coroa Portuguesa tinha de preservar as matas, a fim de usar a madeira como combustível para os fornos que Portugal intentava montar, tendo em vista um possível complexo metalúrgico.
Ao fim e ao cabo, sempre segundo Ferreira de Camargo, os esforços para a criação de uma ou várias unidades metalúrgicas teriam como resultado a vinda, em 1835, de 227 alemães, tidos como especialistas na matéria. E que, paralelamente à metalurgia, irão fomentar a criação de algumas bandas de música que já na segunda metade do século XIX notabilizariam o vilarejo. Seja, em suma, porque os projetos metalúrgicos não foram avante ou porque as bandas conseguiram se imppor, Tatuí acabaria se tornando um grande centro musical cuja importância não se restringe ao interior de São Paulo.
E como a seguida expulsão de lavradores tornou instável durante anos seguidos um único núcleo populacional no que é hoje Tatuí, só a 13 de março de 1844 o povoado se emancipará de Itapetininga como vila.
O nome Tatuí derivou, naturalmente, do rio homônimo que atravessa o município e, como sugeriam os tupininquins, significa, em tupi, também rio de tatus, sempre em virtude de sua barra característica, que hoje se encontra no bairro de Americana (explicitamente conhecido como antigo Barreiro). ´Y quer dizer rio, água. Quanto aos índios tupiniquins nativos, não há mais nenhuma aldeia deles em São Paulo, apenas no Espírito Santo e na Bahia.
Tatuí foi freguesia de Piratininga antes de se tornar, sucessivamente, vila, cidade, por fim, município.
Fonte: (livro) A origem dos nomes dos municípios paulistas, Enio Squeff e Helder Perri Ferreira, 2003, pg. 218.
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